Territorialização da bolivianidade: imigração na região metropolitana de Belo Horizonte-Minas Gerais
Palavras-chave:
Migrações internacionais, Migrações bolivianas, territorialização da bolivianidade, Região Metropolitana de Belo Horizonte-MGResumo
Contemporaneamente, frente ao cenário migratório internacional ― de aprofundamento das tentativas de fechamento de fronteiras ― e ao contexto nacional, Belo Horizonte-MG insere-se na rota da migração e se destacam, entre os que chegam à sua região metropolitana, migrantes bolivianas e bolivianos. Inserido no Projeto Temático Observatório das Migrações em São Paulo - NEPO/UNICAMP, o presente artigo traz parte das reflexões desenvolvidas na tese de doutoramento da autora e se debruça sobre a presença boliviana na RMBH-MG, mais especificamente a (re)configuração territorial desses sujeitos, que se concretiza na “territorialização da bolivianidade” (RIBEIRO, 2021). A indústria têxtil impulsiona fluxos migratórios e mobiliza bolivianas e bolivianos à migração transnacional e, uma vez no Brasil, ocorre a migração interna. Minas Gerais e seu tradicional setor têxtil passam a contar com a presença de fluxos migratórios bolivianos. A RMBH-MG expressa a mobilidade de bolivianas e bolivianos na produção global e regional da costura, impulsionando a produção de territorialidades, e conectando o novo espaço da migração à origem. A aplicação de entrevistas qualitativas permitiu a compreensão da construção social da vida de bolivianas e de bolivianos e da relação desses sujeitos com a cidade, processo que identificamos e nomeamos como “territorialização da bolivianidade” na RMBH-MG. Em Ribeirão das Neves-MG ― município na periferia desta metrópole ―, a “quadra-mundo” é fruto da luta desses migrantes pela configuração de uma territorialidade, que os aproxima da Bolívia a partir da vivência de costumes originários, ressignificados ao novo contexto metropolitano mineiro. A RMBH-MG (re)configura a migração boliviana a partir de novas territorialidades produzidas pelos sujeitos da pesquisa: a do trabalho e a da moradia; a do acesso à educação e aos cuidados com a saúde; e a dos momentos de descanso e lazer ― que também são culturais ―, com a apropriação da “quadra-mundo”. A presente pesquisa é um convite para que as histórias bolivianas aqui iluminadas possam inspirar a luta pelo reconhecimento ao direito de migrar ― previsto pela Declaração Universal dos Direitos Humanos ― e sua garantia em todo e qualquer lugar do mundo.