“Die schwarze Venus aus Rio de Janeiro”: notes on race, nationality, class, gender, and sexuality in an artistic career between Brazil and Germany*
Palavras-chave:
Gênero e Sexualidade, Interseccionalidade, Migração, Raça e Racismo, PertencimentoResumo
O presente artigo analisa fragmentos da vida e trajetória artística de Mylena de Souza (1945- data desconhecida), uma artista negra e transgênero que estrelou em revistas e boates cariocas na segunda metade da década de 1960. Escapando da violenta perseguição a pessoas dissidentes da cis-hétero-norma levada a cabo pela Ditadura Militar brasileira (1964-1985), Mylena emigrou para a República Federal da Alemanha no início da década de 1970. Após se estabelecer em Berlim Ocidental, Mylena integrou o elenco do prestigioso cabaré Chez Nous (1958-2008), onde trabalhou como cantora, dançarina e artista de strip-tease até seu falecimento na segunda metade da década de 1980. Com base em fontes documentais brasileiras e alemãs e entrevistas em profundidade, observo como Mylena navegou em meio a diferentes regimes de erotismo e exotismo que intersectam sexualidade, gênero, raça e nacionalidade no Brasil e na Alemanha Ocidental. Ademais, sustento que sua vida e carreira artística foram perpassadas por múltiplos processos de pertencimento (belonging) e sexotização (sexoticization) que nos informam sobre as condições de existência e possibilidades migração de pessoas dissidentes da cis-hétero-norma no Brasil e na Alemanha Ocidental.