A sociabilidade do ausente (drama e liberdade nas migrações)

Autores

  • José de Souza Martins FFLCH/USP

DOI:

https://doi.org/10.48213/travessia.i82.368

Resumo

A celebração dos trinta anos de publicação da revista Travessia nos oferece a oportunidade de uma reflexão crítica sobre o tema de que ela tem tratado num dos períodos mais conturbados dos deslocamentos humanos no Brasil, o das migrações. Não só a clássica migração do Nordeste agrícola, seco e pobre, para o sudeste industrial, urbano e rico. Mas, sobretudo, os grandes deslocamentos de populações pobres do Nordeste e de populações campesinas do Sul para a região Amazônica, no período da ditadura militar e de sua política de ocupação dos espaços supostamente vazios. Muitos, desencontrados e até opostos fatores e motivações entrelaçam-se na trama desse êxodo, o que complica as análises que, nesse período, tenderam à simplificação da linearidade, tudo reduzido a supostas causas e a supostos efeitos mecanicamente estabelecidos. Poucas referências a motivos e motivações e ao imaginário das migrações. Análises claramente orientadas para contornar a cumplicidade do migrante com a migração que protagoniza, que é um dos aspectos decisivos das migrações na sociedade contemporânea. Migração não é o mesmo que deportação. Ninguém migra, menos ainda em família, sem imaginar e calcular o que vai acontecer, sem visualizar a partida, a viagem, a chegada, as consequências do deslocamento, o que no geral é o definitivo do destino. A migração envolve um querer e é esse querer a chave característica de cada episódio de deslocamento.

Biografia do Autor

José de Souza Martins, FFLCH/USP

Prof. Emérito de sociologia da FFLCH/USP.

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Publicado

2018-04-30

Como Citar

Martins, J. de S. (2018). A sociabilidade do ausente (drama e liberdade nas migrações). TRAVESSIA - Revista Do Migrante, (82), 11–28. https://doi.org/10.48213/travessia.i82.368

Edição

Seção

Artigos