Assimilação dos imigrantes no Brasil
Inconstâncias de um conceito problemático
DOI:
https://doi.org/10.48213/travessia.i36.743Resumo
Num artigo publicado em 1951, Emílio Willems fez uma bre1 W ve referência à idéia de assimilação prevalescente no Brasil, suposta como processo no qual os grupos alienígenas devem desaparecer - metaforicamente “diluídos”, “absorvidos”, “digeridos” - na sociedade dominante luso-brasileira. Nesse contexto, a existência de minorias não é admitida, nem aceita, na discussão pública dos problemas de assimilação, e as possíveis influências culturais dos imigrantes e seus descendentes estão contidas na idéia vaga de “contribuição” em benefício do país adotivo (Willems, 1951: 209). A assertiva de Willems tem correspondência no estudo de Manuel Diegues Junior sobre a influência da imigração nos processos de urbanização e industrialização ocorridos no Brasil: trata-se de destacar a colaboração econômica de diferentes grupos de imigrantes - especialmente os de maior expressão demográfica - acrescentando breves informações sobre a legislação restritiva e dados acerca das “contribuições” resultantes do contato cultural entre alienígenas e brasileiros. Diegues não escapa de uma certa visão idealizada do melting pot, embora defina a cultura brasileira como alguma coisa vagamente plural “dentro da sua base lusitana” (Diegues Junior, 1964: 371). Nos dois trabalhos a assimilação é claramente associada a mecanismos de desenvolvimento econômico e mobilidade social, em situações de contato interétnico. [...]