Trajetórias exploratórias na periferia do capitalismo
reflexões a partir dos trabalhadores haitianos na indústria têxtil do noroeste do Paraná
DOI:
https://doi.org/10.48213/travessia.i88.953Palavras-chave:
Trabalho, migração, trajeitórias, indústria têxtilResumo
Neste artigo se discute a exploração da força de trabalho dos haitianos que se deslocaram para trabalhar na indústria têxtil do noroeste do estado do Paraná. O objetivo consiste em compreender a emergência das trajetórias migratórias que esses sujeitos realizaram entre 2010 e 2016 e seus desdobramentos, no que tange ao mundo do trabalho. A discussão é apresentada a partir de uma abordagem que reconhece as trajetórias migratórias como parte de um processo complexo de escala ampliada, que tem como finalidade última, atender as necessidades de funcionamento do mercado de trabalho global. O texto se inicia com a apresentação dos dados sobre as dinâmicas das migrações internacionais entre os anos de 1990 e 2016; a frente, esboçam-se as principais tendências que levaram o Brasil a assumir um papel de interface no contexto das trajetórias migratórias internacionais; em seguida, discutem-se as particularidades da sociedade haitiana, país de emigração na periferia do capitalismo; e problematizam-se – com base nos resultados da etapa de entrevistas de pesquisa qualitativa, realizadas entre os anos de 2015 e 2018 –, a incorporação precária e limitada no mundo do trabalho brasileiro, demonstrando a maneira como o capital explora essa força de trabalho. Conclui-se que os trabalhadores migrantes são eficazes para a diminuição dos custos, o rebaixamento dos salários e a precarização das condições de trabalho no âmbito da produção têxtil.