Vidas em movimento na fronteira Brasil-Venezuela
disputas entre acolhimento e controle
DOI:
https://doi.org/10.48213/travessia.i90.970Palavras-chave:
refugiados, fronteiras, identidadesResumo
A partir do aumento no fluxo migratório venezuelano para o Brasil, no final de 2016 e início de 2017, a mobilidade venezuelana passou-se a ser veiculada na mídia e reproduzida nos discursos de autoridades governamentais brasileiras como um problema e risco a serem gerenciados e, ao mesmo tempo, como uma oportunidade para o Brasil “acolher e cuidar” dessa população vulnerável. Levando-se em conta uma breve experiência e estudo de campo em Boa Vista e Pacaraima, no estado de Roraima, o artigo visa analisar como os discursos de perigo e controle das fronteiras coexistem com uma lógica de acolhimento e defesa dos direitos humanos e como isso se materializa na fronteira Brasil Venezuela. Nesse sentido, busca-se problematizar de que forma uma presença “estrangeira” mexe com o imaginário popular local, agravando expressões racistas e xenófobas, bem como atitudes de hospitalidade e acolhimento. Dessa forma, será salientado como a crise migratória contemporânea constitui-se como um dos grandes temas da política internacional, trazendo questões como o humanitarismo das nações e, no vértice oposto, a rigidez do Estado soberano e a conexão entre território, população e manutenção da segurança que ainda circunda a concepção política global.